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Awarded Research Work at VIII Congresso MedUBI Scientific Competition (28-30 October, Covilhã, Portugal)
Student author and presenter: Vanessa ALBINO, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Sendo a infertilidade um problema da atualidade, com um grande impacto pessoal e social, e a avaliação da capacidade reprodutiva feminina um desafio frequente para o médico nos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA), este tema apresenta-se com extrema relevância para uma abordagem mais avincada. O recurso a testes bioquímicos e de imagem, embora de baixa sensibilidade e especificidade, tem sido usado para indiretamente predizer a reserva ovárica e, deste modo, orientar o tratamento nesta área, contribuindo para o sucesso das técnicas de Fertilização In Vitro e de Injeção IntraCitoplasmática de Espermatozoides.[1]
OBJETIVO
O presente trabalho visa correlacionar os marcadores de reserva ovárica [Hormona Folículo Estimulante (FSH), Hormona Luteinizante (LH), Hormona Anti-Mülleriana (HAM), Estradiol, Contagem de Folículos Antrais (CFA) e idade da mulher] com os ovócitos obtidos por punção, a fim de determinar o(s) parâmetro(s) que melhor se relaciona(m) com a reserva ovárica nos ciclos de Procriação Medicamente Assistida.
MATERIAL E MÉTODOS
Estudo analítico, retrospetivo e observacional, com uma amostra constituída por de 156 mulheres dos 18 aos 40 anos, com uma média de idades aproximadamente de 34 anos (33.88±3.892), submetidas a Fertilização In Vitro ou Injeção IntraCitoplasmática de Espermatozoides na Unidade de Medicina Reprodutiva do Centro Hospitalar da Cova da Beira, entre 2011 e 2014. Para a análise dos dados foram aplicados alguns conceitos de estatística descritiva e algumas técnicas de inferência estatística, considerando-se um nível de significância de 5%. Utilizou-se o coeficiente de correlação linear de Pearson, sempre que os seus pressupostos se verificaram, ou em alternativa o coeficiente ρ de Spearman. Obteve-se um modelo de regressão linear múltiplo preditivo dos ovócitos obtidos.
RESULTADOS
Correlacionando-se a idade com os diferentes marcadores de reserva ovárica verificou–se que existe uma correlação significativa, sendo negativa com Hormona Anti-Mülleriana, Contagem de Folículos Antrais e ovócitos obtidos (p<0.05). De salientar que a correlação é moderada entre a idade e a Contagem de Folículos Antrais. Conclui-se ainda que os ovócitos obtidos apresentam uma correlação significativa, sendo forte positiva com a Hormona Anti-Mülleriana e moderada positiva com a Contagem de Folículos Antrais (p<0.05). A correlação com a Hormona Folículo Estimulante é significativa e negativa (p<0.05). Obteve-se um modelo de regressão linear que mostra que os parâmetros HAM e CFA se consideram significativos na predição dos ovócitos obtidos.
DISCUSSÃO
Perante as correlações realizadas, verificámos que a HAM é o marcador que apresenta correlação significativa com um maior número de outros parâmetros. Para determinarmos qual/quais o(s) parâmetro(s) contribuem significativamente para a predição dos ovócitos obtidos, obtivemos um modelo de regressão linear múltiplo e constatámos que são inseridas no modelo apenas a HAM e a CFA. A respetiva equação demonstra o aumento de 1.167 e de 0.166 da quantidade de ovócitos obtidos perante o aumento de uma unidade de HAM e de CFA, respetivamente. Contrariamente, os restantes parâmetros de reserva ovárica não se consideram significativos na predição dos ovócitos obtidos. Facto corroborado por diversos autores, que defendem a CFA e os níveis séricos de HAM como os parâmetros de maior poder preditivo de sucesso nos tratamentos de PMA.[2]
CONCLUSÃO
Uma pobre reserva ovárica é um fator limitante para os tratamentos de PMA, indicando uma diminuição na quantidade e na qualidade dos ovócitos de mulheres em idade reprodutiva. Assim, ao avaliarmos a reserva ovárica, podemos individualizar as estratégias terapêuticas para a otimização das taxas de sucesso de FIV ou de ICSI.[5] Contudo a existência de diversos testes propostos para investigar a reserva ovárica pressupõe a não existência atual de um método suficientemente confiável e satisfatório para esse propósito, constituindo uma prioridade futura.[6]
REFERÊNCIAS
1. Direção Geral da Saúde. Normas e Orientações, Conduta em Infertilidade. [homepage na Internet]. Lisboa; [consultado 2016 Set 6]. Disponível em: http://www.saudereprodutiva.dgs.pt/.
2. Camelo de Castro E, Florêncio RS, Filho GM, Naves do Amaral W. Folículos antrais como marcadores de reserva ovariana. Reprod Clim. 2010;26(1):7-11.
3. Jirge PR. Poor ovarian reserve. J Hum Reprod Sci. 2016;9(2);63-9.
4. Silva ALB, Vilodre LCF. Avaliação da reserva ovariana: métodos atuais. Femina. 2009; 37(3):149-154.
5. Berek JS. Novak Tratado de Ginecologia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. Capítulo 27, Infertilidade; p.906-975.
6. Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida. [homepage na Internet]. Lisboa; [consultado 2016 Jul 16]. Disponível em: http://www.cnpma.org.pt/.
TABELAS E FIGURAS