8 Tips for a Successful Scientific Communication

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Partilhar o conhecimento é certamente um dos mais importantes contributos para o progresso da Ciência e da Medicina.

Sendo o Médico, por definição, um comunicador, compete-lhe fazê-lo com clareza com os seus doentes, com competência com os outros profissionais de saúde e com eficácia e dedicação, com os seus pares.

Ao partilharmos aquilo que sabemos, estamos a contribuir para melhorar a prática de outros Médicos, em benefício dos nossos doentes.

As apresentações de temas científicos e médicos fazem parte da nossa vida desde o ensino pré-graduado até ao final das nossas carreiras. Somos, provavelmente, uma das classes profissionais que mais apresentações fazem ao longo da vida e, curiosamente, esta vertente da nossa atividade, tem sido um pouco esquecida do ponto de vista da formação médica.

Uma apresentação científica de má qualidade é um passo para se desvalorizar a importância do trabalho dos profissionais competentes que a apresentam.

 

8 passos para o sucesso de uma apresentação científica:

  1. Planear com tempo um tema estimulante

O maior estímulo para uma boa apresentação é a escolha de um tema de interesse para a assistência. Só com tempo, recolha de contributos vários, iconografia e pesquisa bibliográfica, poderemos preparar esse tema mobilizador que acrescente conhecimento e interesse.

Só com tempo podemos depois construir tecnicamente uma apresentação de qualidade.

  1. Adequar o tema, as mensagens e os meios ao público-alvo

Uma apresentação destina-se a um público.

Identificar as suas características, interesses, grau de diferenciação e expectativas, é fundamental para criarmos a apresentação fisiológica que irá ao seu encontro.

Um mesmo tema é apresentado de forma diferente a Médicos Especialistas, a Médicos de Medicina Geral e Familiar, a outros profissionais de saúde – Farmacêuticos, Enfermeiros, Terapeutas, Técnicos – bem como ao público.

  1. Estruturar o tema com clareza e simplicidade

Há temas mais adequados a uma publicação e outros mais adequados a uma apresentação. São conceitos diferentes de exposição. Contudo, um mesmo tema pode ser publicado e apresentado.

A arte de fazer uma boa apresentação está na estruturação clara e na simplificação e no destaque das mensagens. Estruturar é identificar as diferentes partes do trabalho, encadeá-las com nexo e concluir as mensagens mais importantes.

A comunicação deve ser:

  • Sistematizada
  • Objetiva
  • Simples e compreensível
  • Falada e não lida passo a passo
  • Com um ambiente gráfico coerente
  • Conclusiva

 

  1. Utilizar as aplicações e as ferramentas que melhor dominamos

Microsoft PowerPoint, Keynote, Slides (Google) e Prezi são algumas das ferramentas mais populares para fazer apresentações. Tem variadíssimas possibilidades e intermináveis soluções técnicas e gráficas.

A regra que devemos seguir é a de utilizar a aplicação que melhor dominamos e, dentro desta, as ferramentas mais simples e mais eficazes.

Sugiro alguns tópicos práticos (ex. Powerpoint):

  • Escolher um background simples com uma mancha homogénia de cor (nunca claro e escuro) e sem interferência com as áreas de texto
  • Criar 3 templates: uma main page ou capa, um ou mais separadores e uma página de miolo ou de texto. Se possível, personalizar a imagem de capa
  • A transição entre slides deve ser serena e não brusca. Sugiro FADE
  • As animações de textos, caixas de textos e setas devem evitar movimentos complexos e cansativos. Sugiro: APPEAR, PEEK IN, FADE e FLOAT IN

 

  1. Aplicar as regras técnicas já comprovadas

As regras técnicas baseiam-se em avaliações de eficácia que mostram as suas vantagens. Sugiro alguns tópicos práticos (ex. Powerpoint):

  • O slide inicial tem, destacado,o nome da apresentação, o apresentador, a sua afiliação e o seu contacto por mail. Pode ter ainda os símbolos da Instituição do autor.
  • A apresentação começa e acaba com o mesmo slide.
  • O segundo slide é o índice
  • Segue-se o primeiro separador e os seus conteúdos e assim sucessivamente. Nem todas as apresentações têm de ter separadores, podendo ter apenas destacado no topo, a secção em que nos encontramos.
  • No topo de cada slide deve estar sempre o título da apresentação e o capítulo onde estamos.
  • Tipos de letras a utilizar: planas e sans serif ou seja, com a mesma espessura em todo o desenho da letra. Exemplo:
  • Arial, Verdana, Franklin Gotic, Calibri, Helvetica
  • Usar apenas um tipo de letra e as suas variantes – regular, bold, semibold, itálico
  • O itálico reserva-se para as palavras não portuguesas, citações, cargos.
  • Não usar letras serifadas como Times New Roman, nem condensadas, desenhadas ou caligráficas pois têm má leitura
  • Tamanho de letra é variável:
    • Títulos- 24 pt
    • Sub-títulos e tópicos a destacar-22 pt
    • Texto corrido- 18 pt 
  • Cada slide não deve ultrapassar 6 linhas de texto
  • A utilização de bullets é vantajoso e ajuda a destacar o que é mais importante. Transforme os parágrafos longos em tópicos com bullets.
  • Os fundos claros são menos cansativos nas apresentações longas. 
  1. Usar iconografia simples que acrescente valor
  • Com os modernos dispositivos móveis com câmara fotográfica, é fácil criar-se uma biblioteca de imagens próprias para apresentar.
  • As imagens cirúrgicas ou de técnicas podem e devem ser recolhidas e catalogadas para utilização futura.
  • Existem diversas empresas que disponibilizam imagens de ambientes médicos: Fotolia, Dreamstime, Flickr, Shutterstock, iStock
  • O Círculo Médico (circulomedico.pt) disponibiliza ilustração científica.
  • As imagens devem ser colocadas à esquerda do texto.
  • Os gráficos colocam-se habitualmente à direita ou abaixo do texto, devem ser planos e com os valores bem identificados. Evitar os gráficos tridimensionais e sombreados. Destaque as conclusões do gráfico.
  • A utilização de Video no PowerPoint deve ser evitada pois é frequente bloquear. É preferível minimizar a apresentação e correr o video fora do
  1. Treinar a apresentação no tempo certo que lhe está atribuído
  • A apresentação deve ser bem treinada, respeitando o tempo estimado para ser exposta. O texto deve ser acertado para não se ultrapassar o limite de tempo e também para não ter de se acelerar a exposição.
  1. Ter sempre um plano B para assegurar a apresentação
  • Nunca confiar demasiado na tecnologia. A apresentação deve ser gravada em 2 discos diferentes (PC e disco externo). Gravar para transporte em duas pens diferentes e testar em ambas se está tudo a abrir sem dificuldade.
  • Quando descarregar a apresentação para o computador que a vai apresentar, volte a corrê-la rapidamente para se assegurar que não há falhas. Frequentemente as versões das aplicações como o Powerpoint não são as mesmas em que trabalhamos e pode haver desformatações ou animações que não correm.
  • Tenha próximo o seu próprio portátil para a eventualidade de, em último recurso, ter de o usar.

Estes 8 passos não são um dogma mas apenas um elemento facilitador para melhorar as apresentações. A qualidade científica dos conteúdos e o talento criativo do apresentador são indispensáveis para garantir o sucesso de uma apresentação científica.

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