Nas análises sanguíneas, os únicos valores que se apresentam fora dos limites do normal são a PCR (proteína C reativa) [0,8 mg/L (normal < 0,5 mg/L)] e VS (velocidade de sedimentação) [79 mm/h (elevada)]. A eletroforese de proteínas mostrou um padrão policlonal indefinido. Valores de hemoglobina, leucócitos, biomarcadores hepáticos, tiroideus e de função renal normais; HIV, ANA (anticorpo antinuclear), ANCA (anticorpo anti-citoplasma de neutrófilos) e sACE (enzima conversora de angiotensina sérica) negativos.
A angio-TC exclui tromboembolismo pulmonar ou enfarte pulmonar, confirmando uma consolidação alveolar no segmento posterior do lobo superior esquerdo, atingindo a fissura oblíqua e contactando com a pleura, embora sem derrame pleural evidente. São ainda visíveis muitas estruturas micronodulares adjacentes à consolidação, com gânglios linfáticos de volume aumentado na região aortopulmonar e mediastino anterior ipsilateral.
Realizam-se culturas sanguíneas, aeróbias e não aeróbias, negativas, bem como negativos estão os antingénios urinários de Legionella pneumophilae Streptococcus pneumoniae. Não é possível realizar uma biópsia transtorácica, devido à ocorrência de ligeiro pneumotórax durante o procedimento que conduziria à mesma.
- Seria relevante realizar teste tuberculínico (TST) ou IGRA (ensaio de libertação de interferão-gama) nesta doente?
Momento Explicativo: A principal arma de diagnóstico de tuberculose é a suspeição clínica, em doentes de alto risco (imunodeficientes; naturais de países com elevada incidência) e perante achados típicos de radiografia de tórax, como a presença de infiltrados pulmonares cavitados nos lobos pulmonares superiores. A confirmação diagnóstica pode ser efetuada por várias vias como: Exame direto (microscopia com auramina-rodamina ou Ziehl-Neelsen) de secreções pulmonares ou Exame Cultural, podendo as amostras ser colhidas por broncofibroscopia, por exemplo.
O Teste da Tuberculina e o IGRA são testes efetuados para o diagnóstico de Tuberculose Latente. Neste caso clínico, a doente apresenta tuberculose ativa pelo que estes testes irão apresentar baixa especificidade, ao não permitirem distinguir tuberculose ativa e latente. Independentemente de forma ativa ou latente da doença, neste caso podiam-se esperar resultados positivos destes testes apenas pela história de contacto com doentes com tuberculose, o que não confirmaria o diagnóstico de infeção ativa por si só. Por um lado, podem estar presentes falsos negativos em doentes imunodeficientes. Por outro lado, pode haver falsos positivos em caso de vacinação com a BCG, por exemplo. Neste caso clínico o que se pretende é efetuar o diagnóstico de tuberculose ativa e não latente.