Lembro-me, como se tivesse sido ontem, de ter recebido um convite para integrar a equipa da Acta Médica Portuguesa – Student. Na altura, enquanto aluno do 3ºano da faculdade, encontrava-me a preparar os exames e da Acta Médica Portuguesa pouco mais do que o nome conhecia. Fui atraído por um conjunto de ideias, ideais e valores e, ainda que com algum receio, aceitei entrar na equipa. Mal sabia eu que a iniciativa que agora abraçava se viria a tornar naquilo que durante três anos mais preencheu a minha agenda extracurricular.
Trabalhar no seio de equipas com tanta motivação e empenho como aquelas que vivenciei só nos motiva a esforçar ainda mais. Há um efeito de contágio positivo em que todos são impelidos a cada vez darem mais de si e a procurar objetivos maiores e mais ambiciosos. Felizmente, vi muitos dos objetivos delineados serem ultrapassados com sucesso e serem estabelecidos outros que, à partida, eram utópicos.
É incrível ver como em tão curto espaço de tempo, num campo tão competitivo como a publicação médica, a AMP-Student viu o número de submissões anuais duplicar!
Com a “construção” desta secção e o envolvimento cada vez maior da comunidade médica e académica comprovou que este projeto estava (e está!) destinado a existir! Com ele conseguiu-se dar resposta a importantes lacunas de informação com as quais os estudantes de medicina e jovens médicos viviam. Sendo talvez o caso mais marcante o das Infografias da Especialidade, que mostrou a todos um pouco do que é cada especialidade e permitiu ter uma base a partir da qual se vai à descoberta daquelas que mais nos entusiasmam.
Se por um lado é possível publicar em qualquer revista médico-científica, o papel da AMP-Student foi o de reforçar a importância dessa atividade ser feita por qualquer um de nós, independentemente do nível académico em que nos encontrarmos. É fascinante constatar como a visão que os estudantes têm sobre a publicação mudou tanto. E que bom que é ser parte integrante do motor desta mudança!
Contudo, nem sempre este trabalho foi fácil. A visão do mundo com soluções práticas e mudanças simples frequentemente esbarra contra os sistemas burocráticos e complexos que estão em vigor e com os quais, invariavelmente, se tem de lidar. Nessas situações, os jovens criativos e empenhados na melhoria, não podem esquecer que o mais importante é a persistência e a consciência de que se está a atuar para melhor. Ainda que, por vezes, possa ser difícil e assustador quebrar com a rotina podemos ser quem quebra um ciclo. É justificando e sustentando a mudança em argumentos sólidos que, eventualmente, se conseguirá atingir um novo estado de equilíbrio que reflita as novas ideias e conceitos.
A AMP-Student é uma escola. Os resultados que chegam ao público não fazem jus àquilo que esta secção oferece a quem nela voluntariamente trabalha. Por exemplo, desenvolvimento da capacidade crítica resultante da constante comunicação com elementos “sénior”, oferecendo uma perspetiva mais experiente, é inqualificável e uma aprendizagem única. A comunicação e gestão de tempo que são fundamentais para o futuro profissional são aqui treinadas diariamente. O âmbito Nacional permite contactar com outros colegas e perceber que muitos dos problemas que estamos a vivenciar já foram problemas que os afetaram no passado e que podemos ter esperança que, pelo menos, uma solução existe e poderá estar ao nosso alcance a sua concretização!
A todos os que comigo integraram as equipas da AMP-Student o meu sincero obrigado! Foi convosco que desenvolvi muitas das capacidades que tenho hoje e em conjunto demos os primeiros passos de uma iniciativa que se quer duradoura.
Não podia deixar de mencionar e agradecer àqueles que poucas vezes são falados, mas que são os verdadeiros pilares da Acta Médica Portuguesa, a Carla, o Miguel e o Rui que diariamente, fora dos holofotes mediáticos, trabalham para que tudo funcione de forma fluída.
Concluindo, não podemos ter receio de arriscar. O curso de Medicina pode parecer limitativo e mais do que suficiente para ocupar o tempo, mas há tanto mais para experimentar e vivenciar. Sempre que estivermos dispostos a aprender e com vontade de trabalhar iremos encontrar quem nos apoie e permita atingir novos patamares.
Obrigado por me terem dado esta hipótese.
Bernardo Marques da Silva
Editor Associado 2016,2017
Editor-Chefe 2018